Monday, February 19, 2007

Tempo - Apenas um desabafo

TEMPO


Tempo senhor da mudança, da superação e da compreensão. Tempo substantivo abstrato ao coração. Um sábio amigo e companheiro capaz de trazer a quem precisa o alento, o alivio, curar as feridas e sanar o peso da derrota. Tempo algo relativo até para o nosso entendimento.

Há pouco mais de alguns meses, poderia ter a certeza que certas dores haviam sido superadas, que alguns sentimentos haviam sido perdidos, exonerados em definitivo. Mas, bem recentemente, percebi que o que era tão concreto para mim, estava na realidade apenas adormecido, foi só deparar com algo relacionado ao assunto que tudo voltou à tona. Deixei de acreditar em tudo que certamente me fiz aceitar e passei a questionar posturas e pensamentos que estava tendo.

Como pode algo persistir por tanto tempo sem ser cultivado, sem ser ao menos alimentado? Como pode um sentimento superar toda a angústia e desilusão para mais a frente se mostrar forte e maior? Como pode um bem querer ser tão grande a ponto de saber quando recuar para no final prosperar? Com que razão uma decepção torna-se um aprendizado para valorizar ainda mais o que se sente?Resposta a essas perguntas eu não tenho e talvez nunca as tenha, mas o sentido real e o tamanho do que sinto me faz querer saber e buscar por elas.

É besteira dizer que não me importo com isso, qualquer um se importaria. Mesmo porque existia algo muito forte e verdadeiro, por minha parte, que sustentava tudo aquilo que vivia e presenciava. Não sei do outro lado o que acontecia, afinal é terra de ninguém, mas garanto que tudo que vivenciei esses meses foi muito intenso, doloroso e de certa forma tem trazido um grande aprendizado. Tem mostrado a superação, a luta contra o incomodo fato de estar sozinho e de enfrentar a decepção, muito mais que a desilusão que se concretizou.

Feridas sempre existiram em nossas vidas, desprazeres e decepções também, afinal se tudo fosse perfeito e prazeroso não teria graça e seria no mínimo monótono demais. Porém como pode algo tão bonito e sincero deixar uma marca tão dura e cruel? Como pode um sentimento construído com tanto cuidado produzir tamanho estrago? Entreguei com sinceridade todo meu sentimento para colher a duras penas algo que só eu vivenciei, que apenas eu desejei por conta do teatro de palavras e dos gestos milimetradamente arquitetados para envolver e fascinar. Admito que tola eu fui. Trouxa cai numa ilusão, uma relação tão profunda que talvez só eu quisesse ter.

Mas não há o que chorar, lamentar ou reclamar. O passado está ai para nos ensinar e não para lamuriar. Sei que não estou recuperada como gostaria, não esqueci tudo que vivi e que não irei fazê-lo. Memórias são marcas que temos que conviver quer goste ou não, não há como apagá-las. Queria apenas ter a certeza de que valeu a pena, que apesar de tudo fui feliz.

Quero ter a certeza de que não havia como recuar ou mudar o destino que nos encaminhou para o precipício da relação. E poder dizer no final das contas que fiz o que era certo a fazer, tendo orgulho de ser quem sou.

Não tenho a pretensão de julgar ninguém, a não ser eu mesma. Não tenho a intenção de voltar à trás na decisão que tomei, nem mesmo a vontade de retroceder na relação. Quero pelo contrário, seguir em frente sabendo que mais cedo ou mais tarde tudo vai mudar e o que era dor se transformará em alívio e a solidão será um refúgio para o meu aprendizado.

Quero apenas desejar que sejamos felizes ao nosso modo, respeitando as escolhas e aceitando uns aos outros. Quero tão somente buscar a minha felicidade da forma que eu acho correta. Posso até sofrer e me decepcionar, mas terei tentado, já dizia uma amiga. Sei que o que sinto não será jamais alterado, pois foi algo importante para mim, apesar de muitos não compreenderem. Sei que sentimentos desse nível não se calam tão fácil, mas no meu caso, este somente falará a mim mesmo, pois tão somente a mim pertencerá.

1 comment:

Fabiano Araújo said...

eita.... que enorme post... repleto que conexos e desconexos sentimentos...

Não sei, pode ser impressão minha, mas acho que sentimentos, sentidos, desejos, gostos, sabores (e tudo que alimenta a alma e não só o corpo) precisam ser alimentados para perdurarem ao longo do tempo... se deixamos de sentir, de viver... a tendência é que essas coisas, com o tempo (o bom e velho tempo), passem a não ser tão fortes no nosso dia-a-dia...

claro que, as vezes, achamos que o "defunto" tá enterrado (e de barriga para baixo... pq se for acordar... ele cava pro fundo), mas na verdade só colocamos o dito-cujo em uma redoma de vidro, que por uma insistência (meio insana - sei disso!) contemplamos todos os dias...

mas... no resumo... gostei do post.. se precisar de qualquer coisa é só chamar!!

e valeu pela força!!!